A PERCEPÇÃO DE EGRESSOS E ALUNOS DE ADMINISTRAÇÃO SOBRE O PROUNI

Autora: Adm. Tamara da Silva Antunes

 

RESUMO

 

O objetivo principal deste estudo foi identificar a percepção dos egressos e alunos do curso de administração quanto às políticas públicas do Programa Universidade para Todos e a função destes gestores e futuros gestores na sociedade. Foi realizada uma pesquisa quantitativa e qualitativa, baseada em questionário online, de perguntas fechadas e abertas, com os egressos e alunos de quatro instituições de ensino superior privadas de Porto Alegre e grande Porto Alegre. A partir dos dados coletados e analisados, concluiu-se que os bacharéis estão cada vez mais apropriados de suas funções na sociedade, preocupando-se com a sua forma de agir quanto à ética e responsabilidade social. Estes carregam consigo valores como dedicação e comprometimento onde atuam. Também foi identificado que, mesmo os alunos em formação, visam uma contribuição, atuando no trabalho voluntário, seguindo a carreira acadêmica ou obtendo sucesso no mercado. Verificou-se o desejo dos egressos e dos alunos de fazer uma pós-graduação que continuasse sua formação, mas de acordo com os dados verificados, ainda não teriam condições financeiras suficientes para prosseguir com os estudos.

 

Palavras Chave: ProUni, Políticas Públicas, Ética e Responsabilidade Social


1 INTRODUÇÃO

 

A partir da Reforma Universitária, em 1968, há a expansão da oferta de vagas no ensino superior em instituições privadas, divididas em instituições confessionais, comunitárias e filantrópicas (ALMEIDA, 2012). Com o governo militar houve o crescimento no ingresso na graduação e a privatização do ensino superior, quando algumas áreas estratégicas com interesses de investimento em ensino de pós-graduação foram incluídas na iniciativa privada.

Em 20 de dezembro de 1996 foi criada a Lei 9.394 que estabeleceu as diretrizes e bases da educação nacional, também denominada como LDB, que complementou e segmentou a Constituição de 1988 para o ensino. A partir dai iniciaram-se os movimentos e políticas púbicas e sociais permitindo o acesso das diferentes camadas da sociedade a todos os níveis de ensino. Neste contexto, é criado em 2004 e aprovado em 2005, pela Lei 11.096/2005, o Programa Universidade Para Todos, com um sistema de concessão de bolsas de estudo.

A justificativa da pesquisa está fundamentada em dois pontos fortes da administração: na análise da importância dos administradores como líderes, gestores, empresários e empregados da rede pública e privada, que têm alto poder de decisão em suas organizações, mas que precisam da competência do “saber-ser” como afirma Correa (2007, p. 1), “administradores com perfis profissionais assentados em valores e princípios humanísticos, bem como, melhores preparados e conscientizados para os seus papéis numa sociedade globalizada”; e na quantidade de vagas do curso de administração no Brasil, que hoje se posiciona em primeiro lugar, seguido dos cursos de Direito, Pedagogia e Comunicação Social (TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO, 2009).

No desenvolvimento da pesquisa, foram feitas reflexões acerca de qual seria a percepção desses beneficiários do ProUni, tendo em vista sua ascenção e experiência antes, durante e após a graduação. A partir disso, foram propostos objetivos para responder a essas indagações: Fazer um breve levantamento socioeconômico desses egressos e estudantes; comparar a percepção dos egressos e alunos quanto à função social de administrador; e comparar a sua visão quanto ao impacto das políticas públicas e o interesse dos mesmos na formação continuada.

 


2 METODOLOGIA

 

A presente pesquisa consistiu em um estudo de caso que, quanto aos objetivos, tem natureza descritiva, e quanto à abordagem do problema tem natureza qualitativa. Em termos geográficos, a pesquisa focou o curso de Administração, de quatro instituições de ensino superior privadas de Porto Alegre, a instituição X, um centro universitário onde uma das autoras foi discente; a instituição Y, uma universidade de grande porte, de São Leopoldo; e a instituição Z de Osório, uma faculdade de médio porte e a instituição W.

A população pesquisada compreendeu uma parcela de egressos e estudantes, beneficiários do ProUni, dessas universidades e centros universitários, somando 22 egressos; adicionalmente 11 alunos bolsistas também compuseram a amostra a fim de fazer uma comparação avaliativa de perfil. Este tipo de amostragem caracteriza-se como não probabilística, sendo que a amostra foi selecionada por conveniência. Se esclarece que os egressos pesquisados concluíram a graduação entre 2009 e 2013 e os alunos bolsistas estavam regularmente matriculados em 2014.

Os pesquisados responderam as questões propostas em um formulário disponibilizado a partir de um link no Google Docs, instrumento on-line da empresa Google, de serviços de internet. Estes participantes realizaram a pesquisa de livre e espontânea vontade, tendo em vista que as coordenações de curso consultadas nãopuderam contribuir com informações, pois justificaram não terem conhecimento dos alunos bolsistas de seu curso ou instituição, quer em função do sigilo das informações relativas aos estudantes; quer pela centralização das informações em algum setor específico das instituições pesquisadas.

No Google Docs foram divulgados dois instrumentos de pesquisa, um dirigido aos egressos e outro dirigido aos discentes. Ambos eram questionários com roteiro semi-estruturando, composto de quatro questões abertas e 13 questões fechadas. Quanto à busca de respondentes, foram realizados contatos pessoais e a pesquisa foi compartilhada na rede social Facebook, da qual fazem parte professores, alunos e ex alunos bolsistas do ProUni. A pesquisa recebeu autorização do Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul, que a divulgou em um grupo dirigido, vinculado ao Conselho, com alcance de cerca de 1500 pessoas. Houve também a veiculação da pesquisa pela página institucional do Curso de Administração da instituição X, a qual tem um alcance de cerca de 700 pessoas, entre alunos, ex-alunos e professores. A coleta de dados foi complementada com pesquisa documental, em fontes secundárias.

A coleta dos dados ocorreu entre fevereiro e março de 2014, e os dados foram analisados através de tabelas com médias de respostas por categorias de respondentes fazendo uma comparação de interpretações e percepções dos entrevistados e tabelas de frequência com porcentagem que investigaram o maior número de respostas e definiram alguns parâmetros que sustentaram a pesquisa.

Após a utilização das técnicas para a coleta, e de posse das informações, os dados foram submetidos à análise e interpretação.

 

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

 

Surgimento das Políticas Públicas

Até a década de 60 a maior parte das universidades privadas pertencia à Igreja Católica, as chamadas universidades confessionais. Em 1968, acontece a Reforma Universitária, onde além do desenvolvimento nacional, surgiu uma divisão entre instituições confessionais, comunitárias e filantrópicas (ALMEIDA, 2012). Com o governo militar houve o crescimento no número de ingressos na graduação e a privatização do ensino superior, quando algumas áreas estratégicas com interesses de investimento em ensino de pós-graduação foram incluídas na iniciativa privada.

Andrade (2012, p. 18) explana que “a partir dos anos 90, houve a universalização do ensino fundamental, o crescimento do ensino médio e também do ensino superior, cujas matrículas triplicaram”. Ainda afirmam Neves, Morche e Anhaia (2009) que:

 

A educação superior passou a fazer parte do rol de temas considerados prioritários e estratégicos para o futuro das nações: generaliza-se a convicção de que o desenvolvimento requer, cada vez mais, uma ampliação dos níveis de escolaridade da população. A defesa dos direitos sociais, a aspiração das famílias por mobilidade social através da educação, a necessidade de aquisição de mais competências para enfrentar o mercado de trabalho, as características da sociedade do conhecimento e de uma economia que depende crescentemente da capacidade de inovação tecnológica, entre outros fatores, têm contribuído para a crescente valorização da educação e do conhecimento científico (NEVES; MORCHE; ANHAIA, 2009, p. 2).

 

Logo o Brasil tornou-se num país de ensino superior privado, onde a população tinha acesso ao que o seu poder aquisitivo lhes permitia, ocorrendo uma redução das taxas de ingressos (ALMEIDA, 2012).

Em 20 de dezembro de 1996 foi criada a Lei 9.394 que estabelece as diretrizes e bases da educação nacional, também denominada como LDB que complementou e segmentou a Constituição de 1988 para o ensino. A partir dai iniciaram-se os movimentos e políticas púbicas e sociais para acesso e equalização de todos os níveis de ensino para todas as camadas da sociedade.

 

Surgimento do ProUni

De acordo com dados do Projeto de Lei 8.035/ 2010, o Plano Nacional de Desenvolvimento de Educação 2011- 2020 (PNE – Lei nº 10.172/2001), aprovado em 15 de dezembro de 2010, foram estabelecidas 20 Metas e Estratégias norteadoras para o desenvolvimento da educação no Brasil, dispostas nas notas técnicas do Ministério da Educação.

Andrade (2012) enfatiza que, apesar do intenso crescimento observado no ensino superior no Brasil, o percentual de acesso desses jovens ainda era limitado, alcançando apenas 19% na faixa etária de 18 a 24 anos (PNAD, 2009). Para tanto, a resolução buscou estipular metas a serem alcançadas a médio e longo prazo.

Os programas criados pelo Ministério da Educação para inclusão no Ensino Superior foram os seguintes: FIES, REUNI, Promisaes e ProUni, conforme informações retiradas do site do Ministério da Educação em setembro de 2013: Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino Superior (Fies); Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni); Projeto Milton Santos de Acesso ao Ensino Superior (Promisaes); e o Programa Universidade para Todos (ProUni), foco dessa pesquisa. O ProUni teve por finalidade conceder bolsas de estudos integrais e parciais a estudantes de cursos de graduação e de cursos sequenciais de formação específica, sempre em instituições privadas de educação superior. As instituições que aderissem ao programa receberiam isenção de tributos.

O ProUni foi criado em 2004, pela Lei nº 11.096/2005, como descrevem Saraiva e Nunes (2011):

 

Mediante a necessidade de investimento, o governo federal em 2004 lançou o Programa Universidade para Todos (ProUni), com intuito de possibilitar e incentivar o estudo e o acesso a esse ensino a brasileiros de baixa renda, ex-alunos da rede pública do ensino médio ou de bolsistas integrais das escolas particulares. O programa oferta, por intermédio de parcerias com instituições de ensino superiores particulares, bolsas que cobrem integral ou parcialmente os custos das mensalidades. Em contrapartida, oferece às instituições abatimentos tributários no imposto de renda das pessoas jurídicas, na contribuição social sobre o lucro líquido, na contribuição social para financiamento da seguridade social e na contribuição para o programa de integração. Possui também uma política de quotas destinada aos alunos portadores de necessidades especiais, afrodescendentes ou indígenas, cujas vagas são distribuídas conforme a proporção dessas populações nos estados (SARAIVA; NUNES, 2011, p. 3).

 

Ainda conforme esta lei, os pré- requisitos para a inserção dos cidadãos no programa são: o candidato ter cursado o ensino médio em escola pública; ou ter sido bolsista de escola privada; ter realizado o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), obter nota média de no mínimo 450 pontos, e nota superior a zero na redação; e comprovar renda familiar bruta mínima de até um salário mínimo e meio por pessoa em sua residência; ou ainda os professores da rede pública, que podem concorrer às licenciaturas.

Após o advento do ProUni e outras políticas públicas de educação do Estado, realizaram-se análises dos efeitos nas matrículas, frequência e conclusão do ensino superior no Brasil, mostrando um aumento significativo, conforme os dados do Censo da Educação Superior, e a apuração de dados estatísticos realizada pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) a cada dois anos. Sobre a efetividade destes programas Corbucci (2007) afirma:

 

Com a implementação do Programa Universidade para Todos – ProUni, é possível que seja ampliada a presença de estudantes pertencentes aos estratos inferiores de renda, no âmbito das instituições privadas, uma vez que esse programa, têm nesse segmento populacional o seu público-alvo, o que pode ser inferido pela pequena inflexão na tendência assumida pelo índice de aproveitamento das vagas ofertadas por essas instituições que, desde 1998, vinha apresentando redução contínua (CORBUCCI, 2007, p. 15).

 

De acordo com o Censo da Educação Superior de 2011, quanto aos concluintes de graduações presenciais e a distância, provenientes de todas as formas de ingresso e processo seletivo em instituições de ensino públicas e privadas, foram registradas mais de um milhão de conclusões de acordo com o Censo da Educação Superior de 2011, sendo que mais de 200 mil foram por instituições públicas e quase 800 mil por instituições privadas.

De acordo com o Censo da Educação Superior de 2013, o total de 991.010 alunos de graduação concluíram seus cursos em todos os estados do Brasil. Em 2013, 761.732 estudantes se formaram em faculdades particulares. Já a rede pública, que em 2012 registrou 237.546 concluintes, formou 229.278 novos profissionais.

 

Curso Superior de Administração

Dentre todos os cursos é expressivo o número de estudantes no curso de Administração, que também se apresenta como um dos maiores cursos com bolsas de estudo oferecidas pelo ProUni no Brasil.

Os dados, extraídos do Relatório de Auditoria do ProUni, realizado pelo Tribunal de Contas da União (2009), mostram que, até o primeiro semestre de 2008, os cursos mais procurados são Administração, Direito, Pedagogia e Comunicação Social, com 18,5%, 11%, 6,8% e 4,8% dos alunos, respectivamente

Segundo Maximiano (2011) as funções de qualquer organização, pública ou privada e que fazem parte da Administração Geral, gerenciada por administradores são: produção (ou operações), marketing, pesquisa e desenvolvimento, finanças e recursos humanos. Cada uma dessas funções faz parte de um sistema que reflete nos resultadas dessas organizações. Sobre o surgimento de um novo cenário que modifica as relações entre Estado, empresa e sociedade, numa ordem de democracia e participação da sociedade, nos aspectos gerais de decisão, a função do administrador no século XXI vai além do técnico - prático original da profissão, evoluindo para o meio social do mercado onde a preocupação central é obter resultados satisfatórios de forma a garantir o desenvolvimento profissional e social das pessoas da organização, mantendo a sustentabilidade financeira da mesma (CONSELHO FEDERAL DE ADMINISTRAÇÃO, 2012).

Dorneles (2006, p. 4) interpreta que “ser competente é saber alinhar as diferentes ordens de valores, diante das ameaças econômicas e sociais e, ainda, planejar estrategicamente sob esta base”, e como afirmam Jacobi, Raufflet e Arruda (2011, p. 28), “as instituições de ensino superior não estão apenas educando as futuras gerações para tomadores de decisão, tais instituições têm papel importante na trajetória para um futuro global mais sustentável”. Corbucci (2007, p. 9) complementa, expondo que “não se trata apenas de formar profissionais em número suficiente e tecnicamente habilitados para o desempenho de funções específicas, mas também preparados para atuar em contextos sociais extremamente adversos”.

 

4 RESULTADOS

 

4.1 O perfil dos atuais alunos e egressos beneficiários do ProUni

 

Nos resultados referentes ao perfil socioeconômico, no caso dos egressos, foram contabilizados 45% dos respondentes na faixa etária entre 22 e 25 anos; 32% dos graduados têm idade entre 26 e 29 anos; e 23% têm mais de 30 anos.

Dentre os alunos, a maioria pertence a faixa etária entre 22 e 25 anos, num percentual de 37%; já os alunos com a mais de 30 anos somam 36%; e os com idade entre 19 e 21 anos perfazem 27%. Nesse caso observou-se uma discrepância entre os dados obtidos e os do IBGE, que aponta que a faixa etária preponderante é a de 18 a 20 anos. Porém na pesquisa realizada no Curso de Administração a maioria dos alunos tem idade superior, entre 22 e 25 anos, isto se justifica, pois se tratam de jovens que estão retornando aos estudos depois de se posicionar no mercado de trabalho, como indica o relatório do Tribunal de Contas da União (2009).

Quanto ao gênero dos egressos e alunos, há uma desigualdade notável. No caso dos egressos, 73% dos respondentes eram do sexo feminino e 27% do sexo masculino. Com relação aos alunos, esta proporção foi equilibrada, onde 55% dos respondentes pertencem ao sexo feminino e 45% ao sexo masculino.

Quanto à etnia, a maioria dos egressos respondentes se considerou branco, perfazendo 77% das respostas, 14% dos pesquisados se identificou como pardo; 5% como negro; e 4% como indígena. Com relação aos graduandos, 8,64% dos respondentes se considerou branco; 18% como pardo; e 18% como negro, com a ausência de alunos respondentes indígenas.

Quanto às instituições de origem dos graduados, 50% foram graduados pela instituição X; 27% vêm da instituição Z; 18% pertencem instituição W; e 5% da instituição Y. Entre os alunos pesquisados, 91% dos respondentes cursam o ensino superior na instituição X e 9% na instituição Y.

A maioria dos egressos, representada aqui por 41% da amostra, formou-se em quatro anos, que é o tempo de duração do curso; 32% dos egressos concluiu a graduação em cinco anos; 23% o fez em 4,5 anos; e 5% concluiu o graduação em mais de seis anos.

A presente pesquisa apurou que, quanto ao ano de conclusão de curso, a maioria dos egressos pesquisados, somando 36% concluiu a graduação no segundo semestre de 2013; 27% no primeiro semestre de 2013; e o restante, totalizando 36%, concluiu o curso entre o segundo semestre de 2009 e o segundo semestre de 2012.

Quanto aos alunos, no que se diz respeito ao semestre em curso foram distribuídos em 9% no segundo semestre; 18% cursavam o quarto semestre; 9% no quinto semestre; 9% no sexto semestre; 18% cursavam o sétimo semestre; e a maioria dos respondentes, 37%, cursava o oitavo semestre do curso de Administração.

De acordo com o Plano Nacional de Desenvolvimento de Educação 2011- 2020, do Ministério da Educação, foram estabelecidas 20 Metas e Estratégias norteadoras para o desenvolvimento da educação no Brasil. Os egressos e alunos desta pesquisa fazem parte da 12ª Meta que se refere em “elevar a taxa bruta de matrícula na educação superior para 50% e a taxa líquida para 33% da população de 18 a 24 anos, assegurando qualidade de oferta” (PLANO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO DE EDUCAÇÃO, 2010, p. 65).

No que tange à previsão de conclusão de curso dos alunos pesquisados, a maioria planejava a mesma no primeiro semestre de 2014, somando 37% dos respondentes. Vale ressaltar que nem todos os alunos fazem a graduação em quatro anos, motivando a inclusão desta questão no formulário. Por ordem, 18% dos respondentes previa a conclusão do seu curso no primeiro semestre de 2015; 9% no segundo semestre de 2014; 9% no segundo semestre de 2015; 9% no primeiro semestre de 2016; e por fim, 9% no segundo semestre de 2016.

Quando perguntado aos graduados, se possuíam alguma pós-graduação, especialização ou mestrado, verificou-se que 86% dos respondentes não possuiam pós-graduação; frente a 9% que concluíram especialização em instituição privada; e 5% que finalizou mestrado em instituição pública.

Para tornar mais abrangente a questão, foi perguntado a quem não havia concluído pós-graduação se havia interesse em fazê-lo, sendo que e 70% dos pesquisados afirmou ter este desejo. Os 30% restantes informaram que a pós-graduação estava em andamento. Ainda observou-se nesse tópico, o caso de uma graduada que estava cursando sua segunda pós-graduação. A educação continuada, constatada entre os pesquisados, é uma das 20 Metas e Estratégias do Plano Nacional de Desenvolvimento de Educação 2011- 2020, do Ministério da Educação.

Quando questionado aos graduandos do curso de Administração o seu interesse em realizar alguma pós-graduação, todos responderam que sim, especificando o tipo, onde 46% manifestaram interesse em especialização em instituição de ensino superior privada; 27% têm interesse em mestrado em instituição pública; 18% optaram por especialização em instituição pública; e 9% para mestrado em instituição privada.

No caso do curso de Administração, pode-se observar essa variedade, como exposto nos dados de área de atuação: Na distribuição quanto a área de atuação dos graduados em Administração pelo ProUni, 64% declarou-se como profissional de carreira, que trabalhava em empresa privada; 18% apresentou-se como profissional liberal, empresário ou consultor; 14% como consursado; e 5% como profissional da área acadêmica.

Quando perguntado aos os profissionais liberais e de carreira, o porte da empresa em que atuavam; 39% dos pesquisados informou que trabalhava em empresa de grande porte; 39% em empresa de pequeno porte; e 22% em empresa de médio porte.

Na pesquisa com os alunos, também foi questionada a sua empregabilidade. Desses, 73% informou que estava trabalhando e 27% que não estava. Entre os 73% dos pesquisados que estavam trabalhando, 46% é efetivo (regime de contrato pela Consolidação das Leis Trabalhistas); e 27% estavam estagiando na área administrativa. Ainda nessa mesma amostra, 37% trabalhavam em empresa de grande porte, 27% em empresa de pequeno porte e 9% em empresa de médio porte. E por fim, quanto à empregabilidade, 46% dos alunos atuavam em empresa privada e outros 27% em empresa pública como bancos e outras entidades.

Quanto ao tipo de transporte utilizado, entre os graduados pesquisados, 55% informaram que possuia carro ou moto; frente a 45% que informaram utilizar o transporte público. Já entre os alunos, apenas 27% possuia carro ou moto; e 73% utilizavam o transporte público.

Com relação aos egressos, foi informado pelos pesquisados que 36% possuiam uma renda de até 1,5 salários mínimos; 32% tinham uma faixa de renda entre 1,5 a 3 salários mínimos; e outros 32% ganhavam mais de 3 salários mínimos. Já quanto à renda dos alunos, 28% declararam renda de menos de um salário mínimo, proveniente de bolsas de estágio; 27% tinham uma renda de até um e meio salários mínimos; outros 27% possuiam renda maior de 3 salários mínimos, sendo que esses que estão nos semestres finais (7º e 8º); e 18% relataram uma renda entre 1,5 e 3 salários mínimos.

 

4.2 Percepção dos alunos quanto à função da profissão de Administrador na sociedade

 

Para atingir o segundo objetivo específico dessa pesquisa foi realizado, além do questionário fechado, um questionário aberto com quatro questões, onde os pesquisados expuseram a sua percepção quanto à função do administrador na sociedade, abordando quais valores foram adquiridos através da formação pela Bolsa do ProUni.

Cada instituição de ensino superior tem diretrizes nas quais apoia e justifica suas ações para com os seus alunos. Elas têm um papel fundamental na formação dos valores dos profissionais que formam. Como afirmam Jacobi, Raufflet e Arruda (2011, p. 28), “as instituições de ensino superior não estão apenas educando as futuras gerações para tomadores de decisão, tais instituições têm papel importante na trajetória para um futuro global mais sustentável”.

Dentre as respostas da instituição X, que representa 50% da amostra de egressos da pesquisa, se repetiram valores como responsabilidade social, ética, persistência e gratidão, num sentido de zelo pela função e profundo agradecimento (Quadro 1).

 

Quadro 1: Respostas do Valores Percebidos na Formação dos Bolsistas Graduados

Instituição

Valores Percebidos

Instituição X

Conhecimento, Educação, Disciplina, Responsabilidade Social, Ética, Gratidão, Generosidade, Humildade, Aprendizado, Visão Sistêmica, Persistência, Força de vontade, Autoestima, Dedicação, Perseverança, Oportunidades e Valorização.

Instituição W

Mérito, Gratidão e Igualdade Social.

Instituição Y

Conhecimento, Habilidades, Reconhecimento e Oportunidade.

Instituição Z

Persistência, Dedicação, Comprometimento, Responsabilidade, Ética, Profissionalismo, Experiência, Maturidade.e Gratidão.

Fonte: Elaborado pelas autoras (2014)

 

Assim como nas respostas dos egressos da instituição X, os respondentes da instituição Z, que representaram 27% dos pesquisados, ressaltaram os valores de responsabilidade social e ética, e também valores como comprometimento, dedicação e uma experiência agradável.

Os valores de gratidão pela oportunidade recebida e reconhecimento foram evidenciados nas respostas dos egressos da instituição Y. Estes sentimentos apresentaram-se como valores internos aos quais Schwartz (2005) conceitua como benéficos, não somente para a pessoa que os têm, mas para os grupos e organizações dos quais irá participar ou liderar.

Já entre egressos da instituição W, que somaram 18% dos pesquisados, os valores mais citados foram a gratidão e mérito, num sentido de agradecimento em função de uma nova direção em sua vida. As repostas dos alunos bolsistas do ProUni, da instituição X, não diferiram grandemente das manifestações dos egressos, como pode ser observado no Quadro 2, que sintetiza os dados obtidos.

 

Quadro 2: Respostas do Valores Percebidos na Formação dos Bolsistas Graduandos

Alunos

Quais os valores que você percebe que estão sendo adquiridos através da formação atual e que vão refletir na sua profissão no futuro?

Aluno 1

Cooperação, Compartilhamento, Ética, Respeito, Responsabilidade.

Aluno 3

Responsabilidade Social e Ambiental

Aluno 4

“Seriedade com o próximo, no que diz respeito a sua saúde financeira. Compromisso com prazos e sensibilidade ao trato com pessoas menos necessitadas.”

Aluno 6

Ética, Visão e Perseverança.

Aluno 7

Principalmente o da compreensão.

Aluno 8

“Capacidade de líderar com situações adversas, pensar antes de executar, autoconfiança.”

Aluno 10

Ética, Responsabilidade Ambiental, e Empreendedorismo.

Aluno 11

Responsabilidade, Empreendedorismo, Educação, e Inovação.

Fonte: Elaborado pelas autoras (2014)

 

Valores como responsabilidade social e ética são os mais lembrados, além destes, despontaram nesse grupo valores diferentes, como o empreendedorismo, que não foi citado pelos egressos. Percebe-se através da respostas dos alunos participantes, que estavam entre o 2º e o 8º semestre, que os mesmos já mostravam sinais de uma gestão humana. Sobre o tema da humanização com a  experiência trazida pelos alunos do ProUni. Dorneles (2006) complementa, expondo que as práticas pedagógicas de mercado e sociais na graduação refletem na vida profissional, abrindo caminhos para o profissional moralista, a favor da verdadeira aprendizagem.

Na sequência foi questionado aos egressos se a experiência do ProUni os faria refletir e devolver o benefício recebido à sociedade, através de sua função social e, em caso de resposta positiva, que explicassem de que forma isso aconteceria. Frente à diversidade das respostas, percebeu-se as diferentes opiniões dos egressos quanto às suas funções sociais:

Para 19% dos egressos, a melhor forma de desenvolver sua função social em benefício da sociedade, é incentivando e motivando outros jovens a estudar e ingressar em uma graduação. Outros 19% acreditavam que a forma ideal de contribuir com a sociedade seria através de trabalhos voluntários e ações sociais, acreditando que essas atitudes são uma forma de difundir a informação sobre a educação e servir de exemplo de superação.

Já para 10% dos egressos respondentes, a contribuição se dá através do serviço público. Outros 10% dos graduados em Administração, beneficiados pela bolsa de estudos do ProUni, acreditava que a forma de beneficiar a sociedade é ser um profissional bem sucedido. Para 5% dos respondentes a carreia acadêmica é a melhor forma de devolver o benefício à sociedade, através do desenvolvimento de pessoas e disseminação aprendizado e valores. Ainda afirmando o desejo de contribuir para a sociedade de alguma forma, 14% dos egressos respondeu apenas que deseja contribuir, sem especificar de que forma deseja atuar. Outra parte, representando 19% respondeu que não têm interesse de devolver o benefício à sua comunidade ou às outras pessoas. Os 5% dos egressos restantes, que respondeu a pesquisa, não se manifestou quanto à questão proposta. Frente a estes resultados, Souza e Serafim (2009) trazem a ideia da percepção e experiência do líder como impulsionador da gestão voltada para a sociedade.

Os alunos da instituição X apontaram aspectos diferentes em relação à pesquisa dos egressos, sendo mais descritivos nos relatos. De uma forma geral, 73% dos alunos respondentes da pesquisa pensa em devolver o benefício à sociedade de alguma forma. Desses 73%, assim como nas respostas dos egressos, alguns acreditam que o ideal é realizar trabalhos e ações voluntárias; outros referem uma carreira bem sucedida; qualidade de serviço e desenvolvimento e incentivo da população ou comunidade; carreira acadêmica e um dos alunos citou que nunca pensou sobre o assunto. Entretanto, além desses, houve respondentes que aprofundaram sua opinião e conhecimento sobre o tema e que entendem o programa como um sistema integrado entre governo e instituições de ensino superior.

Na próxima questão, que abordou à opinião dos pesquisados quanto à função social do administrador, tanto os egressos como alunos, foram enfáticos com relação à ética e sociedade, com uma reflexão específica, e não generalista, da sua função profissional, de acordo com o exposto no Quadro 3.

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Quadro 3: Opinião dos egressos com relação à função social do Administrador na sociedade.

Na sua opinião, qual a função social do Administrador na sociedade?

ÉTICA

Desempenhar seu trabalho com ética e respeito.

Tomar decisões éticas e buscar melhores resultados para empresas.

Ser ético nas suas ações. Agir com integridade, melhorar os processos de forma ética e responsável.

Gerir e dirigir as organizações para que cumpram seu papel na sociedade com ética e honestidade a fim de promover o bem comum.

SOCIEDADE E DESENVOLVIMENTO DE PESSOAS

Buscar minimizar danos ao meio ambiente e à sociedade.

Atuar, independente da área, com honestidade e respeito, visando sempre buscar o desenvolvimento econômico e social da sua região.

Contribuir para o desenvolvimento de uma sociedade mais justa

O Administrador deveria estar mais envolvido com a sociedade, desde dentro da própria política como também com ações voltadas para a sociedade.

O administrador pode buscar contribuir para o desenvolvimento de competências dos indivíduos da sociedade que vive.

Ampliar os níveis de empregabilidade para a sociedade.

Levar as sociedade à excelência de suas realizações e objetivos. A função é ajudar a melhorar o bem estar da sociedade, através da utilização das ferramentas que foram aprendidos durante o curso.

Incentivar a organização e crescimento da sociedade, através de avanços que prezem a igualdade social e um desenvolvimento humano!

Melhorar a vida das pessoas através dos conhecimentos adquiridos

Saber administrar e fazer retornar a sociedade, de forma organizada e controlada, os seus tributos e investimentos.

Fonte: Elaborado pelas autoras (2014)

 

Como observado no Quadro 3, os egressos fazem uma relação com a administração geral e as mudanças do contexto social vigentes no país, indo ao encontro da afirmativa de Garay (2006, p. 4) que observa os diversos atores "se posicionando em face de questões como ética, transparência no uso de recursos financeiros, cuidados com o meio ambiente, agravamento dos problemas sociais, entre outras, e exercendo influência na gestão de negócios”.

Após a apresentação e discussão dos resultados que correspondem ao segundo objetivo dessa pesquisa, que foi comparar a percepção dos egressos com os alunos, com relação a função social do administrador, abordando seus valores e experiências, será abordados os resultados quanto às políticas públicas na educação superior.

 

4.3 A percepção dos pesquisados quanto às Políticas Públicas do ProUni e a formação continuada

 

Nesta etapa a pesquisa buscou junto aos eluno e egressos verificar se os mesmos acreditam nas Políticas Públicas como função básica da Administração Pública. De forma geral, entre alunos e egressos, 67% acreditam nas políticas públicas e 18% não acredita, sendo que 15% do total não responderam a esta questão.

De forma quantitativa, quanto aos egressos, 68% respondeu que acredita nas políticas públicas como função básica da Administração Pública; os 23% que não acreditam e os 9% que se abstiveram, não justificaram sua posição.

Garay (2006) conceitua que “o grande desafio nos projetos sociais, de modo geral, têm sido o de contribuir para a redução das desigualdades e favorecer a inserção social de pessoas e grupos menos favorecidos, por meio de crescimento econômico e desenvolvimento local”. Assim por si só, a manifestação dos egressos e alunos, nas respostas anteriores, além de colaborar para o desenvolvimento da sociedade, cada um da sua forma, também reconheceram que é necessária a atuação das políticas públicas para que haja um crescimento econômico do país.

Do total de alunos que responderam às perguntas abertas, 64% manifestaram que acreditam nas políticas públicas como função básica da Administração Pública; 27% dos participantes responderam que não acreditam, com uma justificativa; e 9% se absteve. Os sentimentos de gratidão e/ou reconhecimento pelo benefício oferecido pelo ProUni mais uma vez estão presentes nas respostas dos alunos. Estas respostas vão ao encontro do que expõem Barbieri e Cajazeiras (2009) quando escrevem que as políticas públicas de desenvolvimento social se tratam da consolidação de processos que promovem a equidade na distribuição dos bens e da renda para melhorar substancialmente os direitos e condições de amplas massas da população.

Mesmo com a maioria dos respondentes acreditando nas políticas públicas como função básica da Administração Pública, percebeu-se um desconhecimento pelo assunto, ou pelo menos, a falta de acesso à informação desses projetos, que vai contra ao que foi afirmado nas questões de contribuição e aprendizado do item anterior, onde foi investigado se haveria interesse em contribuir, mediante o benefício recebido. Entretanto, foi possível uma comparação quanto ao anseio de tais alunos e egressos, já apresentada no primeiro item deste capítulo: O interesse dos egressos e alunos na formação continuada de pós-graduação, mestrado e especializações.

Nesse caso, os autores, além de apresentarem a importância da atuação dos governos e suas políticas públicas com a ampliação do desenvolvimento de mais níveis de escolaridade, ressaltam a importância da aquisição de competências para participar e gerir o mercado de trabalho. Nesta linha de pensamento, se destaca Romeiro (2012), quando afirma que, mais do que uma oportunidade, as políticas públicas são a melhor forma de criar um desenvolvimento baseado nas forças internas dos países.

Quanto à formação continuada há dois objetivos que se referem ao assunto nas 20 Metas e Estratégias do Plano Nacional de Desenvolvimento de Educação 2011- 2020, do Ministério da Educação. A meta 13, que pretende "Elevar a qualidade da educação superior pela ampliação da atuação de mestres e doutores nas instituições de educação superior", para tanto elevando para 75% o número de pós graduados no corpo docente em exercício, sendo deste total, 35% doutores. A meta 14, prevê “Elevar gradualmente o número de matrículas na pós-graduação stricto sensu de modo a atingir a titulação anual de 60 mil mestres e 25 mil doutores”.

Conforme já apresentado no primeiro objetivo pesquisado, quando perguntado aos graduados, se possuíam alguma pós-graduação, especialização ou mestrado, 86% dos respondentes ainda não concluiu pós-graduação; 9% concluiu uma especialização em instituição privada; e 5% concluiu mestrado em instituição pública.

Para ampliar a informação, foi questionado aos participantes que não possuiam pós-graduação se havia interesse em fazê-lo e 70% dos respondentes manifestou-se positivamente, portanto há o desejo de fazê-lo. Uma parcela de 30% dos pesquisados responderam que a pós-graduação estava em andamento.

Para o alcance das metas da educação e exploração de talentos locais, das oito premissas de todo o Plano, há cinco premissas que estão por serem alcançadas, conforme o Ministério da Educação (2009): A segunda premissa se refere à “expansão da oferta da educação superior, sobretudo a pública, por meio da ampliação do acesso e permanência na instituição educacional”, a terceira quanto à “Garantia de padrão de qualidade em todas as instituições de ensino, por meio do domínio de saberes, habilidades e atitudes necessários ao desenvolvimento do cidadão, bem como da oferta dos insumos próprios a cada nível, etapa e modalidade do ensino”, a quarta focaliza na “gratuidade do ensino para o estudante em qualquer nível, etapa ou modalidade da educação, nos estabelecimentos públicos oficiais”, a quinta na “gestão democrática da educação e controle social da educação; e a sexta e última referente è educação quanto à “Excelência na formação e na valorização dos profissionais da educação”.

Quando perguntado aos graduandos do curso de Administração sobre o interesse de realizar alguma pós-graduação, todos responderam que sim, especificando o tipo, distribuídos em 46% com interesse em especialização em instituição de ensino superior privada; 27% para mestrado em instituição pública; 18% em especialização em instituição pública; e 9% para mestrado em instituição privada.

Sem o objetivo de questionar a efetividade do Programa, mas de ampliar de uma forma aberta a continuidade dos benefícios em educação e valorização dos profissionais formados pelo ProUni, a fim de finalizar esta discussão percebeu-se que há um interesse dos egressos e dos alunos de continuarem sua formação superior e dos egressos já formados entre 2009 e 2012, 50% já estavam inserido em um programa de pós-graduação. Os outros 50%, formados há pouco mais de um ano, tinham interesse em realizar alguma pós-graduação, e desses, 55% que possuiam uma renda mensal média de até três salários mínimos. Ainda foi verificado, que dentro desses 55% que possuiam renda mais baixa, 75% ainda utilizava transporte coletivo. Sendo assim, teoricamente, supõe-se que, para que esses egressos efetuem uma formação continuada, seria necessário um incentivo das empresas onde trabalham, estudar para entrar em uma pós-graduação de universidade pública ou aguardar um momento propício ou necessário de suas vidas, para que possam, já estabilizados, investir em tal educação por seus próprios recursos.

Aprille e Barone (2009) afirmam que “os programas de acesso ao ensino superior inserem-se no âmbito das políticas inclusivas compensatórias posto que visam corrigir as lacunas deixadas pelas insuficiências das políticas universalistas”, entretanto, questiona-se se o acesso à formação continuada para esses graduados de valores sociais e responsáveis não é uma necessidade para o desenvolvimento da economia e da qualificação da administração pública e privada no pais.

 

 


4 CONCLUSÃO

 

O principal objetivo deste trabalho foi identificar a percepção dos egressos e alunos do curso de administração quanto às políticas públicas do Prouni e sua função na sociedade.

Quanto à verificação de perfil socioeconômico dos alunos e dos egressos, em resposta ao primeiro objetivo específico, concluiu-se que a maioria dos egressos formou-se em idade regular, mas que entre os alunos respondentes, essa idade estaria um pouco acima da média, contemplando os estudantes com mais de 30 anos que não continuaram os estudos em idade regular. Outro dado interessante é que a maioria dos egressos é profissional de carreira e que, dos alunos respondentes, a maioria trabalhava e alguns inclusive já possuiam um salário maior do que três salários mínimos.

No que diz respeito à comparação da percepção dos alunos e egressos quanto a sua função de Administrador na sociedade, averiguou-se que os administradores cada vez mais apropriam-se de suas funções na sociedade, preocupando-se com o próximo e com a sua forma de agir quanto à ética e responsabilidade social. Além disso, têm atrelados a si, valores como dedicação e comprometimento com o que fazem, alguns pela experiência do ProUni, outros porque têm intrinsecamente essa percepção. Outro dado relevante foi que, mesmo os alunos em formação, demonstram estar inteirados deste pensamento global, visando uma contribuição na sua forma de trabalho, sendo esse trabalho voluntário, carreira acadêmica ou obtendo sucesso profissional, sendo assim exemplo a ser seguido.

A pesquisa identificou o desejo dos egressos e dos alunos de fazer uma pós-graduação, continuando sua formação, mas os dados apontam que os pesquisados ainda não tinham condições financeiras para dar este passo.

Quanto à comparação da visão dos alunos e egressos do Curso de Administração quanto ao impacto das Políticas Públicas e o interesse dos mesmos na formação continuada, concluiu-se que a maioria dos respondentes acreditava nas políticas públicas, mas que de certa forma, havia pouco domínio sobre as informações das mesmas, tanto com relação a educação quanto em outros âmbitos da administração pública.


 

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Adm. Tamara da Silva Antunes