A Logística nas Missões de Paz: o caso Haiti

O surgimento e o desenvolvimento da logística ocorreram no meio militar quando da necessidade de se manter o fluxo dos suprimentos necessários à manutenção dos soldados em combate, pelo maior período de tempo possível. A partir daí, as teorias e técnicas foram aperfeiçoadas e adaptadas, de acordo com a evolução humana, para proporcionar soluções, principalmente ao meio empresarial, após a 2ª Guerra Mundial, visando à otimização de tempo e recursos para a redução de custos e aumento dos lucros.

Nesse contexto, a logística tornou-se uma “ferramenta” indispensável a qualquer tipo de organização, em todos os ramos de atividade, ganhando relevante destaque, também, em situações de caos, nas quais tem sido observada como imprescindível no apoio à resolução de problemas emergenciais.

Dentre essas situações, têm-se evidenciado as ações humanitárias que são desenvolvidas pelo mundo todo, principalmente as missões de paz, com especial atenção à Missão das Nações Unidas para a Estabilização do Haiti, a Minustah, que desde 2004, comandada pelo Brasil sob a coordenação da ONU, atua com o objetivo de reestruturar social, política e administrativamente o país mais pobre das Américas, através do restabelecimento da lei e da ordem e de ações cívico-sociais junto à população.

A logística como ferramenta fundamental nesse tipo de missão, tem nos resultados práticos apresentados no Haiti, comprovada importância como base indispensável para a manutenção dos voluntários das Nações Unidas que atuam nessas operações.

Lamentavelmente, os trabalhos da Minustah, que vinham sendo realizados em um ritmo progressivo e apresentando soluções extremamente positivas, foram abalados, assim como as estruturas do país, pelos terremotos já noticiados pela imprensa.

Isso, porém, veio a enfatizar, mais uma vez, a importância da atenção ao desenvolvimento de técnicas e adaptações na área logística, para se evitar contratempos como o ocorrido após o primeiro terremoto, em 12 de janeiro, em que foi verificada a insuficiência de pessoal e liderança para a rápida formação de uma equipe, focada exclusivamente na manutenção do fluxo dos suprimentos necessários aos trabalhos de resgate e atendimento das necessidades das próprias vítimas da tragédia, e que só teve a atenção devida após o destaque dado pela imprensa mundial.

No entanto, apesar de o momento ser trágico, oferece a oportunidade para um estudo de viabilidade do desenvolvimento e adaptação de técnicas para a formação de um novo conceito logístico, o qual pede a compilação de teorias e ações já aplicadas pelas logísticas militar e empresarial, focado no atendimento a situações de calamidade, em prol do salvamento de vidas, ou seja, o conceito da logística do caos.

Por Juliano Bastolla D Oliveira, Administrador e  2º Sargento de Logística do Exército, encarregado de recebimento, controle e distribuição de suprimento de Santa Rosa - RS