Mais que uma mudança tecnológica, uma mudança de comportamento
26/10/2017

Mais que uma mudança tecnológica, uma mudança de comportamento
“O mundo mudou. Estamos vivendo de tecnologia, mas precisamos trocar a palavra tecnologia e falar de novas realidades”. A declaração é do mentor, escritor e consultor de carreira, expert em conflitos de gerações, Adm. Sidnei Oliveira em sua palestra “Ambiente de Trabalho: tecnologias que revolucionam a Cultura da Empresa”, nesta quinta-feira (25), durante o XV Fórum Internacional de Administração (FIA 2017). Os mediadores, presidente do CRA-MG, Adm. Antônio Eustáquio Barbosa e o presidente do CRA-BA, Adm. Roberto Ibrahim, destacaram a importância do tema para o mercado de trabalho e, mais ainda, para a área da Administração. “Vou parafrasear Raul Seixas, somos uma metamorfose ambulante, algo que está por se transformar a cada instante e, diante da alavancagem que a Administração exerce a cada dia, no seu desenvolvimento, o tema se torna fundamental para nós Administradores”, destacou o Adm. Ibrahim. 
 
O palestrante Adm. Oliveira, trouxe ao público o exercício de repensar algumas coisas que tínhamos como certa, mas que agora não está mais tão certa assim. “Vou começar por mim, se eu pudesse, eu mudaria a palavra ambiente por ambiência no título da minha palestra, pois ambiente se refere a coisas exatas e ambiência lida com pessoas”, apontou, provocando o público com a pergunta: “Somos todos jovens? Será? Vivemos uma crise de identidade, as pessoas começaram a perder a noção do que é jovem”. Ele lembrou de empresas como Kodak, Olivetti e Ford, que ganharam repercussão mundial durante muito tempo e reinaram o ambiente de trabalho. “Todas elas atuaram no mercado do indivíduo, ou seja, deram o poder de datilografar um documento, colocaram uma câmera fotográfica nas mãos das pessoas e a oportunidade do homem dirigir um automóvel”, disse, já que antigamente isso era voltado apenas para quem era muito qualificado ou que tinha muito poder aquisitivo. 
 
Para representar o “ser jovem” no dia de hoje, ele apresentou o case da Tesla, um carro autônomo que dispensa o indivíduo. “A juventude mudou. Se falássemos do jovem de hoje, teríamos que redesenhar um episódio de Friends”, exemplificou com a série americana dos anos 90, levantando o dado de que hoje, 75% dos indivíduos olham para o celular assim que acordam, os outros 25% primeiro abrem os olhos. “E fazemos isso querendo saber se tem notificação e, se não tem, você deprime. Assim como quando uma pessoa cai na rua, você tem uma determinada reação, mas quando cai um celular, você faz um escândalo”, disse. Oliveira explicou que juventude é um cálculo matemático. “É o cálculo de quanto tempo você caiu no chão da última vez multiplicado pelo tempo que você demorou para levantar”, brincou, explicando que em 1987, exatos 30 anos atrás, a expectativa de vida era de 60 anos. “Em 30 anos a gente aumentou a expectativa de vida do planeta em 15 a 20 anos. Daqui a 30 anos, falamos em 95, daqui há 60, falaremos em 100, 115 anos. Mudou completamente a realidade.” 
 
Diante da mudança, hoje 75% das crianças estão nas escolas sendo preparadas para profissões que nem existem ainda. “Todo aprendizado que você tem na escola, será jogado fora na sua vida profissional, porque vai se reposto e vão surgir coisas novas para se aprender. A tecnologia está alterando o comportamento das pessoas”, apontou, destacando que profissões tradicionais como médico, engenheiro e advogados estão deixando de ser como são. “Hoje 95% do trabalho de engenheiro é feito pelo computador”. E essa mudança não se restringe nos processos, mas também nas mentalidades. “A maioria daqueles com menos de 30 anos estão iludidos em fazer só o que se gosta, mas esquecem que tudo o que você gosta tem uma parte que você não gosta”, lembrou. 
 
Por fim, o Administrador realçou que a sociedade está perdendo o pensamento complexo, já que hoje não precisamos aprender mais nada, basta perguntarmos para o Google. Ele abordou o papel do Administrador neste contexto. “O que era visto apenas como estrategista, hoje precisa ser visto como executor e orquestrador, ou seja, avaliar prioridade e os recursos, todo o processo”, analisou, frisando que o Administrador deve olhar para a autonomia da sua equipe e para que isso aconteça é necessário gerar maturidade nela. “As pessoas tem em mente que se você fizer o que ama, você vai ser bem sucedido, mas caso você seja bem sucedido, você vai amar o que você faz. Então, busque ser bem sucedido. Está na hora de vocês entrarem de verdade no jogo, porque os outros, mais velhos que vocês, construíram o mundo que você está”, aconselhou os jovens com menos de 30 anos presentes na palestra, e fez uma provocação final: “Keep Calm Work Hard and Stop Mimimi”.