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A ética deveria ser a norteadora da conduta das lideranças, que, por sua vez, são as balizadoras das suas equipes. O tema tem sido pauta de debates da sociedade desde muito tempo, a Bíblia já aborda o assunto. Tanto, que a Primeira Epístota aos Coríntios traz esta sentença: "Todas as coisas me são lícitas, mas nem todas convêm. Todas as coisas me são lícitas, mas eu não me deixarei dominar por nenhuma delas."
Entretanto, o mundo do trabalho busca hoje outras características em seus profissionais, como carisma, empatia, graça, história de vida e capacidade de se comunicar. Isso nos faz refletir sobre o que a sociedade realmente busca para pautar suas decisões.
A lei até permite, em um determinado contexto, algumas deliberações duvidosas, mas as mesmas, em outras circunstâncias, passam a ser questionáveis. Por exemplo, um presente pode substituir o pagamento de um trabalho não remunerado? No cenário atual, os laboratórios de medicamentos, que oferecem viagens e outros benefícios em troca de metas atingidas, estão dentro dos códigos morais previstos para a função?
Hoje, os compradores das empresas são impedidos de receber brindes em nome do chamado compliance - termo corporativo que representa estar em conformidade com as normas da organização. Para que isso? Tudo para não influenciar na decisão do que é melhor para o negócio.
O erro está justamente em discutirmos separadamente o que é legal e o que é moral, quando são questões que, muitas vezes, andam juntas. Como presidente da comissão de ética do Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul (CRA-RS), acredito que os valores são indiscutíveis, mesmo que os códigos sejam limitados.
Como podemos observar, os conceitos são abrangentes. Entretanto, a consciência é individual. Por isso, os códigos de ética são instrumentos eficazes aos profissionais regulamentados, pois trata-se de um instrumento que regula os deveres de cada trabalhador em relação ao seu meio.
Sendo assim, os costumes devem ser questionados e alterados com a evolução da consciência comunitária, para vivermos em uma sociedade mais digna e justa, visando o bem comum. O profissional da Administração tem o compromisso moral com o indivíduo, assim como com o cliente, o empregador, a sociedade e a sustentabilidade das organizações, impondo deveres e responsabilidades indelegáveis.
Artigo de opinião veiculado no Jornal do Comércio (17.04.2023)
Adm. Claudia de Souza Pereira Abreu
Presidente da Comissão Permanente de Ética e Disciplina do CRA-RS