No estudo de administração o planejamento tem papel crucial para delinear o futuro da organização. Tão importante quanto o planejamento, sem dúvida é o controle – outra função da administração que fundamenta-se no acompanhamento das atividades, a fim de garantir o cumprimento do planejado e possível detecção de desvios incorridos do processo de execução. Daí, como mensurar se aquilo que foi anteriormente planejado está sendo alcançado pela organização? Para responder a este questionamento é simples: através de indicadores estratégicos.
Quando se trata de indicadores vêm à tona os índices de liquidez, solvência, endividamento, lucratividade, rentabilidade, entre outros de cunho financeiro. No entanto, com a visão baseada em recursos, empresas na busca de diferencial competitivo por meio de recursos próprios (produtos) adotaram através das ISOs determinados padrões de produção, focando na estratégia de diferenciação através da qualidade. No contexto em que vivemos, qualidade deixou de ser um diferencial competitivo para se tornar uma exigência. Àquelas organizações que não dispuserem de produtos com determinado padrão de qualidade certamente não serão competitivas e, portanto, estarão fadadas ao fracasso.
Com o contexto da sustentabilidade, organizações e organismos governamentais têm buscado a criação e adoção de indicadores de sustentabilidade para, dentre outras funções, demonstrar a sociedade o grau de comprometimento da empresa para com o assunto, no sentido de divulgar as boas práticas da organização. Alguns índices já são conhecidos: o índice Dow Jones Sustainability, Índice de Sustentabilidade Empresarial Bovespa, os Indicadores Ethos, IBase, aparecimento de novas normas como OSHAS 18001 e ISO 26000, além do emprego de novas iniciativas como o Pacto Global da ONU e o Global Reporting Initiative. (MATROTI; SOUZA, 2011).
Tais indicadores de sustentabilidade objetivam evidenciar a forma como a organização contribui ou pretende contribuir para a melhoria das condições econômicas, sociais e ambientais. “Os relatórios com esses indicadores devem buscar expressar o desempenho em relação a conceitos mais amplos de sustentabilidade, envolvendo a discussão do desempenho da organização no contexto dos limites e demandas relativos aos recursos ambientais ou sociais em nível setorial, local, regional ou global”. (CALLADO; FENSTERSEIFER, 2009, p.217).
Os indicadores de sustentabilidade devem abranger: na perspectiva financeira, os impactos econômicos diretos gerados aos principais stakeholders da organização (clientes, fornecedores, funcionários, investidores e governo); na perspectiva ambiental, os impactos ocasionados pela atividade da empresa ao ambiente, tangenciado sobre o uso de materiais, energia, água, emissão de resíduos etc.; social, voltado às práticas trabalhistas, direitos humanos, sociedade e responsabilidade sobre produtos e serviços, relacionando dados a respeito de emprego, relações com funcionários, saúde e segurança do trabalho, treinamento e educação corporativa, diversidade e oportunidade, estratégia e gestão, diretos do consumidor etc.
Todavia, o uso de tais indicadores deve levar em consideração o contexto organizacional e saber o que se quer alcançar em comunhão com o planejamento. Não é tarefa fácil, pois requer a participação de todos, principalmente daqueles que irão medir e gestioná-los; a comunicação destes indicadores deverá ocorrer com os envolvidos direta ou indiretamente nos resultados, exigindo em alguns casos mudanças, alteração para estruturas pouco mais flexíveis, sendo necessária a quebra de alguns paradigmas e evitar comportamentos de resistência. Todos esses pré-requisitos são necessários para garantia de controle organizacional mais eficiente e eficaz por meio do uso de indicadores.
Referências
CALLADO, Aldo Leonardo Cunha; FENSTERSEIFER, Jaime Evaldo. Indicadores de sustentabilidade. In: ALBUQUERQUE, José de Lima. Gestão ambiental e responsabilidade social: conceitos, ferramentas e aplicações. São Paulo: Atlas, 2009.
MASTROTI, Ricardo Rodrigues; SOUZA, Daniel Garcia de. Sistemas de indicadores e boas práticas de sustentabilidade empresarial. In: AMATO NETO, João (org.). Sustentabilidade & Produção: teoria e prática para uma gestão sustentável. São Paulo: Atlas, 2011.
TACHIZAWA, Takeshy. Indicadores de gestão ambiental e de responsabilidade social. In: TACHIZAWA, Takeshy. Gestão ambiental e responsabilidade social corporativa: estratégias de negócios focadas na realidade brasileira. 7.ed. São Paulo: Atlas, 2011
Gleberson de S. dos Santos
Mestre em Administração pela UNOESC – Chapecó/SC, especialista em Gestão Financeira pela FTC – Salvador e em Planejamento e Gestão Estratégica pelo Centro Universitário Internacional. Bacharel em Administração pela faculdade Unyahna – Salvador e bacharelando em Ciências Contábeis pela UFBA. Realiza pesquisas na área de concentração de Sustentabilidade em Organizações. É professor substituto na Universidade Federal de Pelotas – UFPEL..
E-mail: glebersonsantana@hotmail.com
Currículo lattes disponível em: <http://lattes.cnpq.br/6702269049689314>.