Segundo Philip Kotler: "existem três tipos de empresas e pessoas: as que fazem as coisas acontecer, as que ficam vendo as coisas acontecerem e as que se perguntam: o que aconteceu?". Com qual dessas visões você mais se identifica no seu dia a dia? Qual dessas empresas ou pessoas tem mais chances de alcançar o sucesso? Qual dessas visões é fruto do empreendedorismo?
Para buscarmos estas respostas, temos que entender o que é empreendedorismo, sua utilidade e função social no segmento imobiliário; qual o sentido de ter um negócio e como ele surge diante nossos olhos. A noção de empreendedorismo está quase sempre relacionada à abertura de novos negócios, porém o seu objeto é mais amplo do que isso.
Ele abrange toda conversão de ideias em oportunidades, por meio de um processo de desenvolvimento e implementação. É importante lembrar que alguém comprometido com a realização de algo novo na própria imobiliária em que atua é considerado um empreendedor (Intraempreendedor).
Antes de falar sobre empreendedorismo na indústria imobiliária, a conceituação do que é empreender fortalece a compreensão: segundo José Assis Dornelas “empreender é a arte de fazer acontecer, transformar sonhos em realidade”. Já Eric Ries, pioneiro no pensamento enxuto (Lean), conceitua que empreender é, fundamentalmente, “organizar pessoas para realizar algo; tudo mais é efeito colateral”. Porém, para não transformar este “sonho em pesadelo”, é importante entender o que significa o termo auxiliando sua compreensão. No francês “entrepreneur” significa: aquele que assume riscos e começa algo novo. Mas afinal, qual é a utilidade e a função social relacionadas ao empreendedorismo?
A indústria imobiliária é um conjunto de empresas que desenvolvem e comercializam produtos e serviços imobiliários no Brasil, atendendo a sociedade com algum tipo de demanda concreta. Um segmento em expansão, assim como seus consumidores, e um dos que mais emprega e gera inclusão social no país. Com um déficit habitacional na esfera de sete milhões de residências, essa indústria no país impõe- se como uma prioridade a ser atendida, como avalia Rafael Menin, presidente da MRV: “o Brasil precisa construir um milhão de residências por ano, ou seja, a demanda segue”.
A habitação, então, é uma necessidade, seja venda ou locação, administração do próprio patrimônio, para moradia ou investimento. E sendo uma necessidade da sociedade, nossa atividade de intermediação, compra, venda, locação e administração imobiliária é inesgotável e promissora.
Mais que buscar o lucro, a preocupação do empreendedor deve ser o de dar sentido à existência de seu negócio. Pensar claramente sobre isto contribui para uma interpretação genuína. Qual é o sentido de abrir uma empresa? Somente gerar receita e ganhar mais do que um profissional empregado ou autônomo? Ou esta empresa terá um sentido social e utilidade clara para que os consumidores usufruam de seus produtos/serviços?
O empreendedorismo busca a autorrealização. Quem adota essa visão de trabalho, estimula seu próprio desenvolvimento, além de incentivar o crescimento de outros envolvidos. A criação de empregos pode ser um exemplo. Assim, há dois tipos de empreendedorismo: por oportunidade e necessidade.
O modelo por oportunidade é aquele que ocorre quando identifica-se uma oportunidade de negócio e deseja-se seguir em frente com ela. Um exemplo é quando uma pessoa convida alguém para fazer parte de uma sociedade ou quando ela mesma percebe que pode abrir seu negócio próprio. Nasce, então, do caso clássico “quando a oportunidade bate a porta”. O empreendedorismo por necessidade ocorre quando não existe alternativa de trabalho. Uma demissão ou falta de oportunidade no mercado de trabalho fazem com que a pessoa opte por criar um negócio próprio. Geralmente, este negócio tende a se desenvolver na informalidade, com tarefas simples e que retornam pouco resultado financeiro. É mais raro este tipo de empreendedorismo dar certo.
Mesmo assim, alguns casos de sucesso devido à iniciativa são perceptíveis, com superação dos consultores empreendedores. Às vezes, a única saída traduz-se em uma grande oportunidade profissional, mas dependendo muito do perfil do empreendedor em questão, o que é um assunto para outra discussão.
Mais do que desejar abrir um negócio, entender a sua razão de existir e sua utilidade para o mercado é algo coletivo. Empreender não é somente abrir uma empresa, pois pode-se inovar na própria imobiliária atual. Ser empreendedor é buscar a autorrealização além do próprio sentido de sobrevivência, o que pode ocorrer pela oportunidade ou necessidade, como mencionado.
Voltando a Eric Ries, “além de organizar pessoas”, tenha em mente que o aprendizado é a chave mestra do empreendedorismo, a métrica chave. É mais importante do que ganhar dinheiro, conquistar clientes, desenvolver recursos e criar qualidade técnica. Aprender sobre o que cria valor e sobre o que cria desperdício. Acredite e encontre o empreendedor dentro de você!
Referências Bibliográficas:
DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo na Prática: Mitos e Verdades do Empreendedor de Sucesso. Rio de Janeiro: Elsevier, 2007.
MICHELMAN, Paul. Inovação e Empreendedorismo Lean: Entrevista com Eric Ries. REVISTA HSM, São Paulo, p. 49-52, nº 104, mai/jun. 2014.
CAVALCANTI, Glauce; BATISTA Henrique Gomes / MORETZSOHN Lucas (2015). "Com vendas em baixa, setor imobiliário sofre com queda de preços”. O Globo, março de 2015. Disponível em http://oglobo.globo.com/economia/com-vendas-em-baixa-setor-imobiliario-sofre-com-queda-de-precos-15535022. Acessado em 10/03/2015.