Liderança de Equipes sob situação de estresse: Uma comparação entre Destacamento de Operações Especiais e Equipes de Tra

A liderança, uma posição difícil, onde são necessárias diversas características e habilidades para que seja possível ser considerado um excelente líder, principalmente quando há diversas adversidades. Situações conflitosas e tempos de crise demandam que os elementos que estão na posição de gerenciar subordinados e contribuintes, se destaquem e liderem através de circunstâncias tempestuosas que muitas vezes são caminhos inexplorados, sem uma clara visão do que vem a frente, mas mesmo assim manter a confiança e otimismo dos liderados.
 
A grande questão é: o que é necessário para que em situações de estresse as equipes não percam a confiança e motivação no seu trabalho, fazendo-os acreditar em seu líder e considera-lo excelente nessas situações? Para responder esta pergunta foram realizadas pesquisas quantitativas, com 15 (quinze) possibilidades de resposta, através de formulários online e distribuídos em diversas plataformas digitais, em dois grupos de trabalho, bem distintos, porém que tem uma característica universal, há seres humanos nesses grupos. Um grupo de operadores de Operações Especiais e uma equipe de trabalho de uma empresa financeira. Para melhor entender sobre a situação de liderança nestes dois grupos, vejamos os contextos abaixo.
 
Os operadores de Operações Especiais, são aqueles que são treinandos nos níveis mais rigorosos do mundo e enfrentam missões de características não convencionais de riscos elevadíssimos. Esses militares são de um nível de excelência altíssimo em todos graus hierárquicos, mas mesmo assim a demanda por líderes com excelentes qualidades é de fundamental importância, mesmo que na maioria das vezes ocorre uma liderança compartilhada entre os operadores, onde a situação determina quem vai fazer a tomada de decisão, baseada em especialidade e experiência, sendo isso parte da cultura desses destacamentos, porém sempre havendo aquele que é encarregado do planejamento tático. Tendo em vista que suas missões são de alto risco, o estresse também é elevado, portanto muito de seu treinamento é para desenvolver a tenacidade mental ou seja manter-se equilibrado mesmos nas situações de maior desconforto e perigo.
 
As equipes em empresas e corporações, se divergem muito de uma organização para outra, a cultura organizacional não é homogênea. O recurso humano continua sendo uma pessoa, singular, com emoções e pensamentos. Quando um empreendimento está em crise, muitos são as ideias nebulosas de todos integrantes da mesma, medos e inseguranças. Os líderes das equipes são essências nesses momentos críticos. Pois é de maneira lógica que se os contribuintes não se sentirem liderados, confortáveis e sem perspectiva positiva, jamais terão a confiança para acreditarem no valor da sua contribuição para aquela empresa.
 
Ambos grupos de trabalho colocados em cenário de crise e estresse. Qual é a expectativa sobre seus líderes e quais são as características positivas que são esperadas sob as adversidades, vejamos os gráficos abaixo:
 
Com uma amostragem de 20 respondentes Operadores de Operações Especiais, chega-se a estes resultados respectivamente. Com a maior porcentagem e valor, está o “outros”, por conta de respostas dadas em outras opções que, porém, não se enquadram nas cinco mais selecionadas. Na segunda maior porcentagem está a Capacidade Estratégica, a habilidade de delegar tarefas inteligentemente e planejar sob estresse; Controle Emocional, habilidade de se manter calmo mesmo sobre grande pressão; Honestidade sobre a situação, comunicar a realidade da situação, sua gravidade, prós e contras; Postura consultiva, deixar os subordinados darem suas opiniões, solicitar novas ideias, buscar um consenso, tomar decisões baseadas no conhecimento de todos.
 
Gráfico 1 – Características de excelentes líderes de destacamento de Operações Especiais
 
 
Fonte: Elaboração própria (2018)
 
Podemos concluir que as características consideradas as essências para excelentes líderes de destacamentos, são baseadas em capacidade receptividade e intelectual, ética pessoa e controle emocional. Na situação de estresse ou seja em combate de Operações Especiais, os liderados se sentem mais confiantes quando o seu líder de destacamento demonstra consciência situacional total, interagindo com a equipe o tempo todo, seja delegando tarefas de maneira inteligente, comunicação mais transparente possível, horizontal e com a falta da necessidade ser o chefe o tempo todo, sendo capaz de escutar sugestões e transforma-las em missão.
 
Com uma amostragem de 34 respondentes de uma equipe de trabalho de uma financeira, chega-se a estes resultados respectivamente. Com a maior porcentagem e valor, está o “outros”, por conta de respostas dadas em outras opções que, porém, não se enquadram nas cinco mais selecionadas. Na segunda maior porcentagem está a Postura Ativa ou Agressiva, que é quando o líder diante de um problema, não tarda em buscar a solução, proativamente saem em busca de meios para que seja resolvida a situação; Ter bom relacionamento com a equipe, conhecer a fundo seus contribuintes, ter cordialidade, ter respeito e ser respeitado pela sua equipe; Capacidade Estratégica, a habilidade de delegar tarefas inteligentemente e planejar sob estresse; Ter espirito inovador e adaptável, não ser estagnado diante um problema, mesmo que situação demande flexibilidade na adaptação; Lealdade com a equipe, ser o líder que se coloca a frente, tem como primordial a sua equipe; Controle emocional, habilidade de se manter calmo mesmo sobre grande pressão; 
 
Gráfico 2 – Características de excelentes líderes de equipes de trabalho
 
 
Fonte: Elaboração própria (2018)
 
Nas equipes de trabalho de empresas os contribuintes também preferem líderes mais ativos e com integração total com os membros da mesma. A capacidade intelectual e coerente no momento de delegar tarefas, assim como a postura ativa ou agressiva, participar ativamente no momento de situações de crise e estresse, ainda com a disposição de ser flexível e ser adaptável, o que abre um leque de vertentes. Fazendo exigência na ética e integridade do líder perante sua equipe, sendo leal e ainda tendo boa relação com todos os integrantes, mas não bastante ser político, mas demonstrar a sua lealdade.
 
Com a análise dos dois gráficos, o que podemos notar é a semelhança entre as respostas. Os seres humanos que responderam os questionários têm atribuição de uma divergência de realidade gigantesca, sendo enfrentando missões de combate reais de alto risco e mortalidade e a outra com o estresse da rotina, crise e alta carga de trabalho. A demanda por líderes com capacidade intelectual, ética com seu grupo, assim como a capacidade de escutar estão sendo gritantes. Os cenários são muito diferentes, mas os respondentes são seres humanos. Incrível que mesmo que treinamentos diferentes, o requisito para os lideres serem vistos com excelência no cumprimento das tarefas, foram semelhantes.
 
Com estes dados, podemos concluir que mesmo com áreas de atuação tão distintas é principalmente importante termos mais conhecimento sobre nossa própria equipe ainda mais quando tratarmos de contribuintes e subordinados. Acima de todo podemos aprender com qualquer grupo de trabalho, devemos agregar o máximo de conhecimento, como foi feito com o grupo de operações especiais. O que podemos aprender ainda que estes operadores e o que eles podem aprender com empresas. A junção total do conhecimento, a quebra de barreiras, nos levará a criar lideres com a maior diversidade possível para enfrentar qualquer situação que surja no seu horizonte.

Daniel Andrei Rodrigues da Silva 


Graduando em Administração de Empresas, Oficial R/2 do Serviço de Intendência na ativa do Exército Brasileiro, condecorado seis vezes por instituições civis, o tornando o Oficial Temporário mais condecorada na ativa após a 2º Guerra Mundial.