O Conselho Regional de Administração do Rio Grande do Sul (CRA-RS) promoveu na noite desta quinta-feira (13) mais uma edição do projeto CRA-Recebe, que trouxe para o debate a gestão pública sob as óticas da ética, tecnologia e compliance.
A live contou com a ampla participação da classe e foi aberta pelo presidente Adm. Flávio Abreu, que saudou os palestrantes e destacou a importância do tema para a atuação dos administradores. O evento foi mediado pelo professor especialista em administração, Adm. Carlos Alberto Kalinovski Hoffmann, Conselheiro Suplente do CRA-RS e Coordenador da Câmara de Gestão Pública (CGP).
O primeiro a falar foi o Promotor Prof. Dr. Henrique da Rosa Ziesemer, que definiu compliance como uma ferramenta de gestão. “O compliance é multidisciplinar, agrega vários setores e não apenas o jurídico, mas também a administração, a contabilidade, entre outros”, observou. Ele lembrou que esse é um tema que interessa a todos, do setor privado ao setor público e parafraseou: “Se você acha que é caro, experimenta não ter.” Destacou ainda a sua importância para melhorar a performance de empresas/órgãos públicos, permitindo um ganho de eficiência na ponta. “Um bom programa de compliance na gestão de riscos tem o condão de elevar em quantidade e qualidade uma corporação e um setor público ”, disse.
Graduado em Sistemas de Informação, Fernando Faraco disse que compliance é gestão de riscos. Faraco abordou o tema sob a ótica da tecnologia, lembrando que a mesma está presente em toda parte, integrada ao nosso dia a dia. “Estamos cada vez mais dependentes dela. É uma ferramenta poderosa, mas que traz um conjunto de riscos. E risco é compliance”, observou. Em sua explanação, também abordou questões como blockchain, segurança de dados, segurança cibernética, inteligência artificial, mídia e redes sociais. Sobre o tema das redes sociais, alertou: “A sociedade não estava preparada para as redes sociais e isso trouxe implicações.”
Já o filósofo e Administrador Sandro Trescastro Bergue trouxe o tema da ética sob a ótica da inteligência artificial e como os algoritmos são utilizados na contemporaneidade. “Se resgatarmos na literatura a ética na IA, há um olhar reduzido na produção de princípios e valores de conduta no desenvolvimento de algoritmos”, disse. E complementou: “Não se tem um olhar mais voltado para o usuário da tecnologia, não se tem o cuidado em formar e desenvolver o usuário para o uso técnico dessa tecnologia.” Ele alertou ainda que a IA possui um conjunto de regras e pressupostos de valores programados, sendo fruto da base de dados que recebe. “Diante disso, ela vai produzir resultados de parâmetros da base de dados alimentados ou daquele que produz o algoritmo, gerando assim um viés da pessoa que programou ou dos dados coletados.” E profetizou: “A IA não produz nada novo e sim um network de coisas.”