O final do segundo dia do XVIII Fórum Internacional de Administração foi marcado pela apresentação do Painel Governança e Compliance no Master Hotel, em Gramado. Os painelistas foram o americano Stephen M. Davis, o Adm. Carlos Biedermann e Giovani Saavedra. A moderadora foi a Admª. Samara Bernardino, Coordenadora do Núcleo de Integridade e Compliance do CRA-SC.
Anteriormente, foi feita uma homenagem para o Adm. Marcos Ricardo Pretto, que organizou o painel antes de falecer no dia 3 de abril. Ele foi presidente da ANNERGS no biênio 2023/2024, presidente das Associações de Profissionais de Administração do Rio Grande do Sul, membro do Conselho Deliberativo da CIC Caxias, gestão 2023/2024, e diretor da Faculdade CNEC Farroupilha.
Os presidentes da CFA, Adm. Leonardo José Macedo e do CRA-RS, Adm. Flávio Cardozo de Abreu, subiram ao palco e entregaram uma placa para a esposa e os filhos de Pretto. Também estavam lá os demais Conselheiros do Rio Grande do Sul e a chefe de gabinete Neusa Hubner, representando os colaboradores da autarquia.
Pesquisador sênior do Programa de Governança Corporativa da Faculdade de Direito de Harvard, Stephen M. Davis participou do painel de forma remota. O americano elogiou o Brasil, destacando o mercado regulatório e de investimentos no mundo.
Davis também fez um panorama das crises que o mundo enfrenta e o impacto nos negócios. “Nos Estados Unidos, um grupo determinou apoio para as instituições democráticas, dizendo que a estabilidade política é um componente essencial para o crescimento dos negócios. Muitos outros decidiram não se envolver de qualquer forma. Surgiram críticas de que algumas empresas deveriam ficar silenciosas e outras que deveriam se posicionar”, resumiu.
Graduado em Administração de Empresas, Administração Pública e Ciências Contábeis, Carlos Biedermann falou sobre Governança Corporativa no Brasil. Ele destacou a ética como a base de tudo na governança.
Carlos dividiu em cinco princípios a governança corporativa no país: integridade, transparência, equidade, responsabilização e sustentabilidade. “São vários os aspectos que dão importância a governança corporativa no Brasil, entre elas melhorar a confiança dos investidores, acionistas e stakeholders em geral, preservar a perenidade das organizações, reduzir riscos de fraudes e corrupção, melhorar as condições de acesso ao mercado de capitais e de crédito e promover práticas sustentáveis de negócios”, afirmou.
Biedermann também discutiu alguns propósitos para a criação de uma companhia: “Gerar valor de longo prazo para os acionistas, entregar valor para os clientes, investir nos funcionários, criar relacionamento justo e ético com os fornecedores e apoiar as comunidades em que a companhia atua”, elencou.
As responsabilidades do Conselho de Administração também foram assunto da apresentação de Biedermann. São elas: contratar, demitir e acessar o CEO, não gerenciar a Companhia e não estabelecer a estratégia, ser responsável pela sobrevivência a longo prazo da Companhia e não terceirizar as responsabilidades a ninguém. “A terceirização da culpa é desterceirizada”, ressaltou.
Para Carlos, há somente uma responsabilidade social da Companhia: “Usar seus recursos e entrar em atividades com o objetivo de aumentar seus lucros ou seu valor, desde que fique dentro das regras do jogo”, destacou.
Além do Compliance, o Conselho de Administração, comitês de apoio, gerenciamento de riscos e stakeholders são outros componentes importantes na visão de Biedermann. Carlos propôs algumas discussões, como por exemplo a diversidade nos conselhos, riscos cibernéticos (ataques de hackers nas Companhias), ativismo de minoritários e conselhos consultivos.
O papel da tecnologia e inovação, sobretudo a inteligência artificial, foi destacado por Carlos. “O futuro da governança está na evolução contínua, na disseminação das ideias, estar presente nas empresas estatais”, concluiu.
Doutor em direito e filosofia pela Universidade de Frankfurt e mestre e graduado em direito pela PUCRS, Giovani Saavedra falou sobre tendências atuais de Governança Corporativa e Compliance. Ele apresentou novas perspectivas e temas para a discussão, como a Governança Socioambiental (ESG). “Governança é a temática principal dentro das questões socioambientais”, destacou.
Também foram citadas a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) no mundo digital e as ciências comportamentais aplicadas no Compliance. Giovani abordou a ampliação do conceito de Integridade Corporativa. Além da prevenção da corrupção, temas socioambientais e de direitos humanos também são contemplados.
Saavedra ressaltou o mundo digital no Compliance e o uso da inteligência artificial e automação. “Elas automatizam processos de monitoramento, análise de dados e detecção de riscos de forma mais rápida e precisa”, disse. Além disso, a IA auxilia na análise de documentos regulatórios complexos e na identificação de lacunas nas políticas organizacionais.
Diante do aumento de ataques cibernéticos, a cibersegurança se tornou uma das prioridades nas agendas de governança. “A implementação de medidas preventivas e a incorporação das melhores práticas de segurança da informação são essenciais para proteger as organizações contra ameaças cibernéticas”, ressaltou.
A prevenção ao assédio e violência contra a mulher também foi destacado por Giovani. Passou a ser obrigatório que os programas de compliance e canais de denúncia passassem a integrar medidas de prevenção ao assédio e violência contra a mulher no ambiente corporativo após a nova Lei de Combate ao Assédio e a Violência contra a Mulher no âmbito do Trabalho.
“Na integridade na cadeia de terceiros, a inteligência artificial e análise de dados avançada está transformando a due dilligence em um processo mais ágil e preciso”, concluiu Saavedra.
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